GUARDA-CHUVA
Mulheres
de guarda-chuvas não revelam seus rostos, pois os protegem da chuva.
Já
pensou quantos rostos seus olhos já viram? Quantos lhe chamaram realmente
atenção? Aquele ser aparentemente desconhecido se torna uma coisa interessante
e, às vezes, curiosa me pergunto! Quantos
rostos já vimos nas filas dos bancos, nos pontos de ônibus ou apenas aqueles
que estavam ao seu lado por algumas horas. Duas pessoas podem estar na mesma
sala e, no entanto, em lugares diferentes às vezes penso que deveríamos puxar a
cadeira e sentar ao lado de quem realmente queremos, mesmo que os outros não entendam.
Quantos
rostos nosso olhos têm ainda guardados na memória? Quantos rostos não tiveram
nomes porque seria loucura perguntar a quem espera um ônibus: — Como se chama?
Quantas
pessoas realmente divertidas e de energia contagiante deixamos de conhecer?
Quantas pessoas perdemos nas filas ou no banco ao lado? Quantos sorrisos não
foram roubados? Quantas declarações de amor poderiam ter sido declamadas? E casamentos
feitos? Quantas conversas e risadas foram perdidas numa conversa que não
aconteceu?
Rostos,
traços, guardo todos! Quem sabe o futuro perdoe meu passado e me permita te
dizer que no presente teus traços eu queria entender ou teu sorriso ter roubado.
Não
se cale! Me fale, pois o teu ser eu
também quero conhecer, em dias de chuva não fuja, deixe os guarda-chuvas
fechados.
Thaís Gomes Silva
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